Identidade em seu primeiro show em solo argentino |
Para um público formado quase que exclusivamente por amigos
e familiares, a banda Supermartir encerrou seu show com direito a bolo de
aniversario para seu vocalista, cumpleaños
feliz e porções de pipoca em cada uma das mesas. A parte superior do La
Viola Bar, em Buenos Aires, comporta, com algum esforço, umas 60 pessoas,
quase que impossibilitadas de se mexer. Quatro telões, dois na parte de cima e
dois na área inferior do bar, garantem o mínimo de conforto para os clientes
interessados nos shows.
E verdade seja dita, a exceção dos amigos e familiares do
vocalista da banda local, são poucos os curiosos nativos com algum interesse no
show da banda seguinte, os brasileiros da Identidade (atração
do nosso Chá das Cinco do ano passado). Acontece que, como num passe de
magica, talvez embalado pela energia de uma quase e improvável reencarnação de Mick
Jagger e do groove desconcertante
da cozinha, suingada pelas baquetadas firmes de Julio Sasquatt, os neófitos em
terras portenhas, arrancam, um e depois dois e três, e em pouco tempo, uma
sucessão de aplausos e urros, transformando o cubículo em que se apresentavam
numa explosiva sala de celebração ao rock.
Porque quando os cinco brasileiros emendam o riff e o refrão de “It`s a long way
to the top, if you wanna rock n' roll” do AC/DC, durante a execução
triunfal do seu próprio clássico “Jogo sujo”, a catarse é generalizada e entre
as porções de pipoca e as doses de fernet com Coca-Cola, os olhos e sorrisos
presentes mesclam hipnose com o embalo de pernas e quadris que se agitam
impossibilitadas de permanecer paradas num só lugar.
E talvez aquela altura da noite, com a madrugada ganhando
vida sob um vento frio cortante, não restasse outra certeza senão que o rock,
esse setentão boa pinta, vai muito
bem, obrigado.
La Plata "perdeu a cabeça" com show energético da Identidade. |
Tal afirmação fica ainda mais obvia, em se pensando que no
dia seguinte, a terra natal desses caras de Identidade tão despojada,
daria o pontapé inicial para mais uma edição do Rock in Rio, e que por uma
dessas peripécias da vida, vira também oportunidade para uma segunda
apresentação em terras argentinas, desta feita em La Plata, conhecida e
cantada como a cidade mais rocker de toda Argentina.
E ai, enquanto Brian May desfilava seus riffs na capital do rock, Lucas Hanke e
Doce Solano duelavam em sincronia perfeita cuspindo suas obras certeiras nos
rostos, outra vez boquiabertos e fazendo pela segunda vez, a Argentina “perder
a cabeça”. E se a imensidão de roqueiros de sofá iniciava sua verborragia
insignificante contra o substituto de Freddy Mercury, as palmas ao final
de “Jogo sujo”, ganhavam proporções ainda mais emblemáticas, num flerte sem
compromisso com o infinito.
Porque sim, antes da terceira noite e do show do Metallica no Rock in Rio e da nossa querida Vintage
no pub mais amado de todo oeste baiano, nos confins de uma casa de shows old
school da capital argentina, uma banda de brasileiros, com sangue nos olhos
e rock nas veias, deixava claro, de uma vez por todas, que o rock – e não
poderia ser de outra forma – vai – e sob a benção de Chuck Berry - muitíssimo
bem.
Obrigado!
Sempre muito bom! E vida longa ao Rock!
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