Algumas fotos da sessão para orelha do livro e prova da felicidade pela proximidade do lançamento do livro . Crédito: Claudio Foleto |
Eis a integra do texto que pedi ao amigo e
jornalista Luciano Demetrius para a contracapa do meu primeiro livro A gaveta do alfaiate, já que a edição
impressa virá com o texto em tamanho reduzido.
Só tenho a agradecer ao amigo.
Abaixo, entra aspas.
***
“É clichê dizer que “o livro era tão bom que não consegui parar de lê-lo”. Discordo. Ou
ao menos tento ir pela contramão. Se a obra me satisfaz, principalmente quando
se trata de apanhado de crônicas, procuro diminuir o ritmo da leitura, retornar
ao índice e verificar quantos textos restam para o seu final. Dói em mim saber
que o tempo da degustação está se acabando. Sim, eu degusto livros tal qual um
conhecedor de vinhos ou de pratos refinados. Ninguém devora vinhos ou bons
pratos. Degusta-os. E eu não devoro livros. Causa mal-estar.
Admito que “A Gaveta do Alfaiate” não a li por
inteiro quando o Anton Roos me entregou as cópias para revisão. Primeiro,
porque já conhecia as confecções deste escritor. Depois, porque quero demorar a
finalizar sua leitura. A demora será preenchida pelas repetidas lidas a um
mesmo texto. E a cada degustação, um novo sabor permeado por aromas sutis. A
linha de escrita de Anton é assim. Tem essência. Aguça nossa curiosidade e nos
remete ao questionamento: “Estamos aqui por isso?”.
Os dilemas com as mulheres, as dúvidas quanto às
incertezas nossas de cada dia e até a falta de traquejo para se deliciar da
culinária japonesa motivam Anton Roos a escrever. E a nos alimentar. “Talvez,
tenha chegado a hora de esquecer chave, gaveta e escritório do pobre alfaiate e
dar um pouco mais de atenção para quem, embora não se canse de pensar e
reclamar de enxaquecas e ‘talecoisa’, são tão únicas e especiais” descreve para
encerrar a crônica que dá título ao primeiro livro deste sujeito mais Bukowski
que conheço.
Aliás, citação de Bukowski no primeiro livro de
Anton Roos pode ser traduzida em uma palavra: obviedade. Bukowski e Anton, sem
exagero, são um só. Ou separados. Para nos confundir. E nos fazer lê-los.
Relê-los. E nos indignarmos. Ou seria para nos transportarmos ao incerto que
não nos é tão estranho? A palavra fica por conta deste alfaiate que eu não me
canso de ler, mas o qual jamais quero acabar a leitura. E se você entender as
crônicas desta gaveta, por favor, recomece. Ela precisa ser revirada quantas vezes
for possível”.
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