domingo, 19 de outubro de 2014

A íntegra do texto da contracapa

Algumas fotos da sessão para orelha do livro e prova da felicidade pela proximidade do lançamento do livro . Crédito: Claudio Foleto

Eis a integra do texto que pedi ao amigo e jornalista Luciano Demetrius para a contracapa do meu primeiro livro A gaveta do alfaiate, já que a edição impressa virá com o texto em tamanho reduzido.

Só tenho a agradecer ao amigo.

Abaixo, entra aspas.

***

“É clichê dizer que “o livro era tão bom que não consegui parar de lê-lo”. Discordo. Ou ao menos tento ir pela contramão. Se a obra me satisfaz, principalmente quando se trata de apanhado de crônicas, procuro diminuir o ritmo da leitura, retornar ao índice e verificar quantos textos restam para o seu final. Dói em mim saber que o tempo da degustação está se acabando. Sim, eu degusto livros tal qual um conhecedor de vinhos ou de pratos refinados. Ninguém devora vinhos ou bons pratos. Degusta-os. E eu não devoro livros. Causa mal-estar.

Admito que “A Gaveta do Alfaiate” não a li por inteiro quando o Anton Roos me entregou as cópias para revisão. Primeiro, porque já conhecia as confecções deste escritor. Depois, porque quero demorar a finalizar sua leitura. A demora será preenchida pelas repetidas lidas a um mesmo texto. E a cada degustação, um novo sabor permeado por aromas sutis. A linha de escrita de Anton é assim. Tem essência. Aguça nossa curiosidade e nos remete ao questionamento: “Estamos aqui por isso?”.

Os dilemas com as mulheres, as dúvidas quanto às incertezas nossas de cada dia e até a falta de traquejo para se deliciar da culinária japonesa motivam Anton Roos a escrever. E a nos alimentar. “Talvez, tenha chegado a hora de esquecer chave, gaveta e escritório do pobre alfaiate e dar um pouco mais de atenção para quem, embora não se canse de pensar e reclamar de enxaquecas e ‘talecoisa’, são tão únicas e especiais” descreve para encerrar a crônica que dá título ao primeiro livro deste sujeito mais Bukowski que conheço.


Aliás, citação de Bukowski no primeiro livro de Anton Roos pode ser traduzida em uma palavra: obviedade. Bukowski e Anton, sem exagero, são um só. Ou separados. Para nos confundir. E nos fazer lê-los. Relê-los. E nos indignarmos. Ou seria para nos transportarmos ao incerto que não nos é tão estranho? A palavra fica por conta deste alfaiate que eu não me canso de ler, mas o qual jamais quero acabar a leitura. E se você entender as crônicas desta gaveta, por favor, recomece. Ela precisa ser revirada quantas vezes for possível”.

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