Uma
vez quase ganhei uns bofetes na cara. Um ploft de um lado, outro ploft no
outro. Dois tapas para deixar a marca da mão desenhada na maçã do rosto. Só pra
ver se eu acordava de um momento meio confuso e imberbe que passava.
Coisas
da vida.
Merecia.
Não
ganhei.
No
máximo, um sermão daqueles com o dedo em riste e uns cala a boca que eu ainda não terminei fulminantes e que não te
deixam respirar.
Era
uma mulher e mulheres sempre ficam atraentes quando estão te xingando. Não sei
por que, mas é assim. Mulheres bravas são a expressão mais encantadora e ao
mesmo tempo o significado mais controverso da palavra charme. Confesso até que
já forcei irritações gratuitas em amigas, namoradas, primas, chefes só pra me
esbaldar silenciosamente com as mãos na cintura, os olhos apertadinhos, as
bochechas vermelhas e a boca fazendo bico.
Aquele
sermão especial dizia que eu precisava ter mais audácia. Parar de me fazer de
coitadinho. Aliás, coitadismo é algo que as mulheres não suportam. Se tivesse
uma música para parafrasear, agora, as razões que me fazem ter tanta convicção
quanto a isso, pegaria aquela que o Renato Russo escreveu pra melhor amiga e
que o Jota Quest coverizou ontem
(sábado, 30 de agosto) no Palco Uniceub do Porão do Rock em Brasília: Ainda é cedo.
Sim,
vamos lá. Cantem comigo imitando a voz do Renato:
“Uma menina me ensinou , quase tudo
que eu sei”.
Bem
por aí: uma menina me ensinou.
Ela
disse:
-
As mulheres querem audácia. Seja mais cara de pau, menino.
A
teoria dela dizia que a falta de cara de pau era o motivo de muitos caras,
aparentemente, legais e com conteúdo nunca acertarem a mosca num jogo de
dardos.
Lembrei
desse sermão depois de buscar um conselho essa semana. Porque as vezes temos
uma mania feia de desistir no primeiro obstáculo que se impõe diante das nossas
canelas roxas. Por pensar demais e agir de menos. Bem isso.
E
ai, talvez, seja a hora deu reinventar o clássico da Legião Urbana.
De
novo. Tudo mundo, com a voz do Renato:
- “Outra menina me ensinou”.
Sim.
Outra menina e que por pouco não me esbofeteou também. Ploft pra cá, ploft pra
lá:
-
Anton, não foi uma cortada. Foi charme.
Charme.
Ai,
ai. Vamos lá. Novamente recapitular o ensinamento da primeira menina:
-
As mulheres querem audácia. Seja mais cara de pau.
Cara
de pau. Preciso ser mais cara de pau. A diferença é que, nesse caso, os
tabefes, se vierem, serão por outro motivo. Ploft e ploft. Sem dor. Só o riso
de quem não resiste a uma mulher com as mãos na cintura, os olhos apertadinhos,
as bochechas vermelhas e a boca fazendo bico.
***
Texto originalmente escrito para a coluna que assino todo domingo no blog da IMMAGINE.
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