A
escritora Ayaan Hirsi Ali em foto de Fred Ernst/AP para o jornal The Guardian
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O
texto abaixo foi originalmente escrito há cinco anos. Estou republicando,
apenas pela dica de leitura que contém e que vale muito a pena conferir.
***
A
única irritação eram os mosquitos. Atrapalhavam minha leitura. Estava
totalmente tomado pela narrativa de Ayaan Hirsi Ali. Devorava cada página como
se precisasse terminar de ler Infiel, a qualquer custo antes que o sono me
pregasse uma peça. Estava envolto em uma aura de rebuscado sentimentalismo.
Lia
e afastava os mosquitos.
Então,
novamente o malfadado questionamento. Assunto que tentara esquecer e parecia
morto e enterrado: A ciência e a conversa de botequim. Muito mais a conversa de
botequim.
Senti
como se o texto que devorava fosse direcionado a minha pessoa e a mais ninguém.
Já ouvira a história da conversa de botequim outrora e isso me incomodava. “O
texto é bom mas parece uma conversa de botequim”. Era isso que dizia o
professor anos atrás.
Agora,
a subliminar mensagem que recebia parecia querer me alertar sobre os perigos de
se fazer ciência. Dias antes me pediram para ter cuidado. Atolei o rosto no
travesseiro duas noites seguidas pensando no tal cuidado que precisava ter.
Pensei até que me haviam ceifado a liberdade.
Enquanto
virava uma nova página tentava imaginar a mulher dona daquela história. Real.
Fascinante. Um desafio à manutenção dos dogmas impetrados como infrações letais
no seio da sociedade. Senti-me impotente ante as decisões que preciso tomar em
um curto espaço de tempo.
Preciso
fugir das amarras de conversa de botequim, instaurar no meu íntimo o sentimento
de um pesquisador e claro, propagar aos quatro ventos: leiam o livro de Ayaan.
Confira:
Infiel,
de Ayaan Hirsi Ali
A
história de uma mulher que desafiou o islã
Companhia
das Letras
496
páginas
Informações
da orelha do livro: AYAAN HIRSI ALI nasceu em Mogadíscio, capital da Somália em
1969. Em 1992, exilou-se na Holanda, onde foi eleita deputada, em 2003.
Ameaçada de morte, foi obrigada a abandonar a Europa e vive atualmente nos
Estados Unidos. Em 2005, a
revista Time a incluiu entre as 100 pessoas mais influentes do mundo.
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