Quando
ela começou a falar sem parar, por um instante hesitei tentando entender as
razões daquele sermão.
Observei
e não só isso. Deliciei-me com seu bombardeio.
Sim.
Eu,
se pudesse, deixaria que ela falasse e me xingasse, daquele jeitinho, por
horas.
No
máximo, faria algum esforço para controlar o riso e o acelerar descompassado
das batidas cardíacas, aquela altura tomadas de uma excitação juvenil.
- Quem é essa morena de covinha no
queixo?
Há
muito não assistia uma cena de ciúmes tão bela.
Tão
excitante.
Se
já não lembro com exatidão as palavras usadas por ela. Lembro-me da boca
abrindo e fechando com suavidade, dos olhos franzidos, do dedo indicador em
riste e, claro, daquilo que é tão dela:
-
Rrummm.
Pois
ela, a ruiva de óculos de armação, eternizada em crônica – fantasiada dediabinha – me fuzilava com uma sequência fulminante de cobranças, de queixumes,
como se só ela pudesse existir no meu mundo ficcional.
Ah,
regozijo-me de prazer, novamente, só de lembrar.
E
que fique claro, não foi apenas um ou dois, foram mais de dez, ao menos até
onde contei. Dez rrumms.
Dez.
Assim:
Rrummm,
rrummm, rrummm, rrummm, rrummm, rrummm, rrummm, rrummm, rrummm, rrummm.
Nenhum comentário:
Postar um comentário